Nubank emitindo ativo digital próprio? O que isso significa pro mercado?
Nucoin (NCN) é um criptoativo de utilidade que permite aos clientes serem recompensados por usarem e engajarem com suas marcas favoritas dentro de uma rede de fidelidade.
Tinha me comprometido a escrever apenas semanalmente, mas o Nubank ACABOU com esses planos divulgando hoje o whitepaper do ativo digital próprio deles.
Direto do documento oficial do Nubank, “Nucoin (NCN) é um criptoativo de utilidade que permite aos clientes serem recompensados por usarem e engajarem com suas marcas favoritas dentro de uma rede de fidelidade”.
Antes de prosseguir, um aviso importante: não é porque algo foi tokenizado, ou seja, representado digitalmente em uma rede distribuída, que suas características essenciais se evaporam.
Um ativo financeiro tokenizado continua sendo um ativo financeiro, uma ação tokenizada continua sendo uma ação e um programa de fidelidade tokenizado… já sabem, continua sendo um programa de fidelidade.
Por isso, os objetivos e incentivos encontrados em uma estrutura de fidelização “tradicional” (Smiles, Dotz, entre tantos outros) continuam valendo na Nucoin… só pra mencionar alguns: (i) negociação com parceiros para trazerem bens e serviços relevantes pros clientes da fintech; e (ii) incentivos equilibrados economicamente (ex: cliente recebe Nucoins suficientes para compra de uma TV preferencialmente após já ter tido gastos interessantes com o cartão de crédito).
Agora, a pergunta de 1 milhão de Nucoins: por que esse programa de diferencia dos outros e tem vantagens efetivas ao usar um token, se comparado com outros sistemas tradicionais de pontos?
Modelo fixo de emissão e distribuição: ao contrário de outros modelos “caixa preta” de emissão de pontos, fica explícito que apenas 100 bilhões de Nucoins serão criados e como eles serão distribuídos ao longo de sua vida útil.
Isso pode ajudar a mitigar práticas de desvalorização dos pontos (ex: emitindo mais pontos aleatoriamente para incentivar consumo) e colocar mais pesos e contrapesos na relação consumidor-empresa.
Auditoria em tempo real: de que vale a declaração que existem apenas 100 bilhões de unidades se você não pode verificar que isso é verdade? Aqui, entra um dos principais casos de uso de redes distribuídas. Nelas, qualquer pessoa no mundo consegue validar o status do estoque e as transações feitas com o ativo, a qualquer momento.
Por enquanto, o Nubank é o único validador da rede distribuída que criaram na Polygon, o que pode gerar riscos nesse processo de auditoria. MAS, já possuem planos para adicionar outros validadores e, progressivamente, descentralizar esse processo.Interoperabilidade e liquidez: como a Nucoin é um ativo digital emitido na Polygon, a comunicação desse ativo com outras plataformas que suportem o mesmo padrão pode ficar muito mais fácil.
Um exemplo concreto disso é que, futuramente, o Nucoin poderia ser listado em várias plataformas e corretoras de criptoativos para facilitar a negociação e liquidação dos pontos em reais ou, até mesmo, em outros criptoativos.
Se estamos vendo uma revolução disruptiva no segmento de fidelização, talvez ainda seja muito cedo para dizer. Mas, é inegável que modelos de negócio inovadores aliados aos benefícios de redes distribuídas podem ter um poder colossal na diferenciação competitiva entre as empresas.
Eu sempre considerei a iniciativa cripto do nubank como uma modinha, assim como tantas outras que vemos por ai. No máximo, para mim, aquilo (trading crypto available for nu client) era uma forma de gerar mais receita com uma linha nova de negócio (medo de não ficar de fora + oportunidade de ganhar um extra).
Mas outras iniciativa, como essa do programa de utility tokens, pode ser uma forma de demonstrar que não, não é uma modinha, eles de fato estão interessados em investir nisso e em inovar nessa direção.
O Nu Bank muda sua percepção das coisas ao longo dos tempos. É curioso ver como a marca vai tentando se adequar a algumas trends. Tem coisas que dão frutos, outras nem tanto. Em 2016-2017, eles estavam tão interessados com o crescimento do debate pro-liberalismo economico no Brasil que chamaram ninguém menos que Gustavo Franco para o conselho administrativo! (além de ex presidente do banco central, ele é presidente do instituto milenium, o principal think tank liberal ativo no Brasil)
Depois, com o fenômeno "influencers" explodindo, eles chamaram a Anitta para o mesmo conselho. kkkk (eu adoraria participar de uma reunião com Gustavo Franco e Anita na mesma mesa de discussão) Esse fato tb foi seguido por várias outras empresas chamando artistas para participar de seus "conselhos".
Agora, com esse tema de cripto chegando forte, não me espantaria se eles reencontrassem o Daniel Fraga, o Caio Vicentino, o Andre Franco ou o Augusto Bacles e chamassem para o conselho. kkkk
Estava comentando agora no almoço exatamente este exemplo do programa de fidelidade tokenizado, dado que alguns acham que ele “deixa de ser um ponto de fidelidade” e passa a ser um “token”.
Essa caixa preta que você mencionou envolve muitos efeitos tributários, dado que a tributação dos programas de fidelidade é bem atrativa e peculiar.
Obrigado pelo texto 👊🏽